
Criminosos saíram do restaurante no veículo de duas mulheres, quando concretizaram a ação criminosa
Operação Shadow, deflagrada pela Polícia Civil na última segunda-feira (14), revelou detalhes de um esquema criminoso que culminou na fuga de dois detentos do Centro de Ressocialização Industrial Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande. A investigação aponta que os fugitivos e o policial penal L.M.S.S. se reuniram em uma churrascaria de Cuiabá, junto com duas mulheres integrantes do grupo, momentos antes da evasão.
A ação foi coordenada pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e Gerência Estadual de Polinter (Gepol). As autoridades apuraram que a fuga contou com apoio interno de dois policiais penais e de pessoas externas à unidade prisional.
Plano de fuga arquitetado com ajuda de servidores
Segundo a investigação, o plano envolveu permissões fraudulentas para saída dos presos, trocas de veículos e omissões na comunicação da fuga às autoridades. No dia da evasão, o detento T.A.F.O teria se reunido com o então diretor da unidade, o policial penal A.E.J., em uma sala não monitorada, onde possivelmente foi assinado o termo de liberação dos presos.
O criminoso G.R.S., conhecido como “Vovozona” e apontado como líder de uma facção criminosa, não tinha permissão legal para deixar a unidade devido à sua periculosidade. Mesmo assim, após a assinatura do termo, escondeu-se em uma área reservada aos presos que atuam em serviços externos, até embarcar na caminhonete oficial do Sistema Penitenciário.
Durante o trajeto, a caminhonete apresentou problemas mecânicos. Foi então realizada a troca por uma Toyota Hilux, de propriedade do próprio faccionado, para manter as aparências e não levantar suspeitas. O grupo passou na residência de G.R.S., nas proximidades do Shopping Goiabeiras, para buscar o novo veículo.
Encontro em churrascaria antes da fuga
Após a troca de veículos, os dois presos e o policial penal se dirigiram a uma churrascaria localizada na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá. Lá, encontraram-se com duas mulheres que chegaram em uma Mitsubishi Pajero. As investigações revelam que ambas fazem parte do grupo criminoso e uma delas pagou integralmente a conta do almoço.
Após a refeição, o líder da facção deixou o local com as duas mulheres. O outro preso seguiu com o policial penal, mas pouco depois também se juntou ao trio na Pajero, momento em que a fuga foi consolidada.
Comunicação tardia e omissão de informações
Somente após realizar outros compromissos de rotina, como buscar mercadorias para o presídio, o policial penal comunicou a suposta fuga ao diretor da unidade. A conversa, que durou cerca de 40 minutos, ocorreu em um local isolado. A comunicação formal às autoridades só foi feita mais tarde, com o registro de boletins de ocorrência separados, repletos de omissões e inconsistências.
A Polícia Civil destacou que, caso a comunicação tivesse ocorrido de forma imediata e transparente, haveria chances reais de recaptura dos foragidos e de prisão das mulheres envolvidas.
Operação Shadow
A Operação Shadow cumpriu 35 ordens judiciais contra os envolvidos na fuga ocorrida em 2023. Os investigados — incluindo dois policiais penais — são alvos de processos por facilitação de fuga e integração a organização criminosa.
As investigações seguem em andamento, e a Polícia Civil reforça que o envolvimento de servidores públicos no esquema agrava ainda mais a situação, configurando crime de responsabilidade e violação da confiança institucional.